A
praça Jan inchava de bugres aos finais de semana
Tinha
gente velha e nova
Até
criança
Atravessavam
o dia versejando língua estranha
Dialeto
magnífico
Tenho
que aquelas palavras são ensinadas pela mata
Pois
tinham sons de bichos
De
ventos,
De
árvores
De
rios
Certa
vez eu comia um doce de abóbora
(Daqueles
em formato de coração)
Um
bugrezinho aproximou-se e disse:
Comendo
quero doça dá
Estranhei
a macarronice verbal e dei-lhe a iguaria.
Ele
falou mais com os olhos e gestos que com palavras
Eu
tinha curiosidades igual aos Villas Boas
Curiosidade
de saber indiologias
Mas
os mais velhos eram arredios
Não
gostavam de conversar com gente branca
Gente
não índia
Eu
sempre dava um jeito de aproximar-me para ouvir o incompreensível
Era
uma fala verde
Silvestre
Parecia
palavras de bichos
Conversa
de índio traz a mata para perto
E
os céus nublam de pássaros
Às
vezes a pronúncia de uma vogal parece saída da língua pregada no
céu da boca
Outrora
parece vinda dos canglores da garganta
Uma
rouquidão estranha
Às
vezes era gutural grave, rápido
A
praça passava o dia desfrutando índio
Já
quando a tarde dava sinais de desaparecer
Eles
também desapareciam
Na
estrada do Sapé
Comiam
mandioca com caititu e abóbora com coelho do mato.
Hoje quem sabe comem água da Urubupungá.
Hoje quem sabe comem água da Urubupungá.
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