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terça-feira, 27 de junho de 2017

Imagens pintadas nos arredores de Bataguassu no século XIX

Índios canoando no Rio Pado (Hercules Florence)
HERCULES FLORENCE 
Hercule Florence (1804-1879), artista e cientista de origem franco-monegasca que percorreu o interior do Brasil integrando a Expedição Langsdorff (1825-1829), incluindo percursos nos rios Paraná e Pardo, missão científica que realizou monumental levantamento de dados geográficos e etnográficos no país no século XIX.Um registro histórico e social de várias etnias indígenas (Apiaká, Munduruku, Bororo, Guaikuru/Kadiwéu), Kayapó do Sul/Panará, Coroado/Kaingang, Xavante paulista, Guaná e Guató) é apresentado a partir de desenhos e textos de Hercule Florence, alguns dos quais reproduzidos da versão final de seu manuscrito inédito L’ami des arts livré à lui-même (1837-1859).
Antoine Hércule Romuald Florence, nasceu em Nice, França em 1804. Faleceu em Campinas em 1879. Desenhista, pintor, fotógrafo e litógrafo. Acompanhou a Expedição Langsdorff - 1815/1819 -, documentando a natureza e os habitantes locais. Foi reconhecido como um dos pioneiros mundiais, no invento e desenvolvimento da fotografia, do papel sensibilizado para registrar a fotografia e da máquina fotográfica. Antoine Hercule Romuald Florence, o nosso Hercules Florence, quando tinha 16 anos, aficionado por desenho, viajou até Antuérpia, na Bélgica, para viver de retratos. Como não conseguiu ganhar dinheiro, voltou a pé para Nice, França. Dois anos depois, alistado na Marinha Francesa, e com o único desejo de conhecer o mundo, aportou no Rio de Janeiro, e não quis mais sair do Brasil. Arrumou emprego no comércio e só deixou o cargo ao ler um anúncio de jornal que procurava um segundo desenhista para uma tal de expedição Langsdorff.
Aquarela negra de Adrien Taunay, mostrando uma vista de cachoeira do rio Pardo.
Foi aceito de imediato pela sua extrema habilidade em desenhar e aquarelar. Assim Hercules Florence, começaria a entrar para a história, era então, um jovem idealista de 21 anos, contratado para registrar, com a própria pena, as paisagens desbravadas pela famosa expedição científica pelos rios brasileiros, realizada no Século XIX, mais precisamente entre 1815 e 1819. A expedição foi financiada pelo governo russo e liderada pelo Barão Georg Herinrich Von Langsdorff. A saga pelos rios brasileiros começou em Porto Feliz em 1815 e só terminou em Belém, no Pará em 1819. Para chegar à Porto Feliz, os integrantes da expedição passaram por Salto e retrataram a nossa cachoeira. O grupo composto por artistas  e estudiosos como o desenhista Adrien Taunnay e o astrônomo Nestor Rubtsov e outros cientistas e técnicos. Florence, um jovem aventureiro, tinha entrado para a história por acaso do destino. A expedição cruzou os cerrados do Brasil central, o pantanal mato grossense, florestas tropicais intocáveis e entrou pela floresta Amazônica, por caminhos nunca navegados... Sempre usando os rios, assim eles navegaram pelo Taquari, Cuiabá, Paraguai, Guaporé, Madeira, Juruena, Tapajós e finalmente Amazonas. Os pesquisadores conheceram vilas e aldeias, nunca antes vistas e conheceram seus habitantes que não tinham nenhum contato com o mundo civilizado. Os pesquisadores ficaram extasiados com florestas, as cachoeiras, os rios caudalosos, cores e formas de uma flora desconhecida.
Pouso no sertão (Rio Pardo)
Hércules Florence registrava tudo com seu desenho rápido e preciso e as marcações de cores que mais tarde usaria para aquarelar. A morte do primeiro desenhista, Taunay, fez com que Hércules Florence assumisse o posto de titular à frente do diário de bordo. Ele desenhou espécies típicas da flora e da fauna brasileira e retratou as diversas etnias indígenas. Assim o macaco coatá e o pássaro acauã dividem as páginas com os índios bororós e apiacás. Os desenhos de Hércules Florence são hoje documentos antropológicos de valor incalculável. Ele registrou índios pescando e cozinhando, pintando o rosto para cerimoniais ou acomodados em suas ocas. Os cenários da viagem eram maravilhosos. O céu avermelhado pelo pôr-do-sol, a luz refletida nas águas do Rio Paraguai, os traços geológicos marcantes da hoje conhecida Chapada dos Guimarães, palmeiras, folhas, flores, arvoredos, pássaros e animais. Da fauna registrou centenas de pássaros, alguns já extintos, dezenas de animais, alguns desconhecidos à época. Uma variedade impressionante de primatas... Tanta riqueza vegetal e animal, numa profusão de imagens inéditas e uma variação de cores e tons de cores, tão ricos, que sua mão, mesmo super adestrada, não conseguia registrar em desenhos rápidos e marcações precisas e esboços que beiram a arte moderna. Ali certamente pensou: Há seu eu tivesse um equipamento que em segundos registrassem cada olhar meu... Nesse exato momento seu subconsciente começou a desenvolver o protótipo da máquina fotográfica. Quando a expedição Langsdorff terminou, ele se mudou para a então Vila de São Carlos, hoje Campinas e passou a se dedicar às pesquisas que fizeram dele um dos pioneiros mundiais da fotografia.
Aquarela negra de Adrien Taunay, mostrando uma vista de cachoeira do rio Pardo.
Vista de outra Cachoeira do rio Pardo, também  em ilustração de Taunay
Acampamento no rio Pardo.
Wilhelmine cuida da ‘bóia’ do pessoal da Expedição.
Desenhos de Florence

VISTA DE UMA FAZENDA DE CAFÉ, DURANTE O FIM DO SÉCULO XIX, CAPTURADA EM AQUARELA POR HÉRCULE FLORENTE


Rio Pardo - Pouso no sertão -  Fumaça da queimada ao fundo (Hercules Florence)

“O SALTO DE ITU”. IMAGEM PRODUZIDA POR HÉRCULES FLORENCE NA OCASIÃO DA EXPEDIÇÃO LANDSDORFF, EM 1849 

Salto do Avanhandava (Rio Tietê), de acordo com Hércules Florence


TAUNAY


Nicolas-Antoine Taunay (Paris10 de fevereiro de 1755 — Paris, 20 de março de 1830), 1º barão de Taunay, foi um pintor francês que fez parte da Missão Artística Francesa, chegando ao Brasil em 1816.
Taunay iniciou estudos de pintura em 1768, com François Bernard Lépicié, e depois estudou com Nicolas Guy Brenet e Francisco Casanova. Em 1773 é aluno de Louis David na Escola de Belas Artes de Paris. No período de 1784 a 1787 permaneceu estudando em Roma como pensionista da Academia Real de Pintura. Em 1805 foi escolhido, com outros pintores, para retratar as campanhas de Napoleão na Alemanha.
Com a queda do imperador, Taunay escreve à rainha de Portugal solicitando-lhe o apoio, com o objetivo de serem contratados ele e seus companheiros, por não se sentirem seguros na França devido as perseguições políticas, e viaja com sua família para o Brasil como integrante da Missão Artística Francesa.
Chega ao Rio de Janeiro em 1816 e torna-se pintor pensionista do Reino. Integra o grupo de pintores fundadores da Academia Imperial de Belas Artes - AIBA, e em 1820 é nomeado professor da cadeira de pintura de paisagem da Academia. No ano seguinte, após desentendimentos surgidos pela nomeação do pintor português Henrique José da Silva para a direção da AIBA, retorna à França, levando o título de barão de Taunay, concedido pelo rei.[1]
Seu filho Felix-Emile Taunay torna-se professor de pintura de paisagem e posteriormente diretor da AIBA, e Aimé-Adrien Taunay, o mais novo, acompanha como desenhista as expedições de Freycinet e Langsdorff.