Escrever
é palavra de raiz latinha
Vem
de escre, que significa escrita
E
ver, que significa olhar
(com curiosidade!)
É
por esse estado de coisa que existe o ditado
"Tem
que ver para crer",
Penso mais composto dizer
"Tem
que ver para escrever".
Algumas
poesias jorram sons
Guinchos
de macacos
Murmúrios
de rios
Rajadas
de vento...
Mas
os alfarrábios contam que predominam as silenciosas.
Poesia
é olhamento
Quando
digo que as joaninhas viveram estágio de crocodilos
Não
falo surrealismos
Falo
verdadeirismos
Testemunhei as larvas saindo dos ovinhos
(Foi
no corgo Guaçu)
Depois
de algumas horas descrocodilizaram,
Metamorfoseando-se
em joaninhas
Flagrei
o escaravelho carregando carniça para aninhar seus ovos
Encontrei
zigue-zigues descapsulando-se iguais aos pernilongos
Deparei-me
com o ninho de serpentes iguaizinhas às minhocas
Por
isso proclamo:
"Tem
que ver para escrever"
Quando
escrevo
Falo
o que vi
(Inspiração
é mero assessório)
A
escrita é escrava da visão.
Poesia
é visão escrita
Exige
olhos apurados,
(às vezes traduzem imagens guardadas dentro de nós).
(às vezes traduzem imagens guardadas dentro de nós).
Gaviões
têm estigmatismo diante dos poetas.
Certo
dia um doutor falava a uma gigantesca plateia,
O
poeta escrevia sobre a aranha que tecia rede na cortina
Rabiscava
o que via
Desescutava
o palestrante entretido com poesia em tecimento.
Não
é regra entendimento por escutação
Nem
por ascultação
E
sim por visão.
Resumindo
os explicamentos:
Para
o poeta a sonoridade é relativa
Uma
pedra pode falar mais que mil gralhas
Mil
gralhas podem guardar mais silêncios que todas as pedras
Dependerá
da visagem do poeta
Escrever tem esses conformes.