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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Sossego


Ela caminhava lenta
Era lesmática e desprovida de fala
Negra azeviche
Gorda roliça
Cabelo avolumados
Dedos das mãos e pés grossos como linguiças
Tais quais os negros de Portinari
Lábios acentuados a tomar boa parte do queixo
Nariz amplo
Bunda ao estilo das tribos Khoisa
Pernas batatudas das baianas subideiras de ladeira da Bahia
Parecia não ter reflexos.
Olhava as coisas como não as enxergasse
Havia desprezo em seu olhar
(Serenidade estranha).
Sua lentidão incomodava;
Morava num pequeno casebre de madeira.
Alguns meninos faziam-lhe troça
Atiçados por sua indiferença
Talvez quisessem ouvir a voz que ela transformou em silêncio
Ou queriam ouvir xingamentos.
Ela nunca revidou,
Não fazia mal a uma formiga
Por isso irritasse a tantos;
Era dessas que nascem com os parafusos mentais muito apertados
Não fosse pelo exotismo
Seria invisível
Embora vista apenas para pilhérias
Sossego morreu igualzinho que morrem as lesmas.

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